Rony Gomes fala sobre o skate nas Olimpíadas


skate agora é oficialmente uma modalidade olímpica
A confirmação foi anunciada após a assembleia do congresso do Comitê Olímpico Internacional no Rio de Janeiro nessa tarde, onde foi votado por unanimidade.
Rony Gomes conversou com a Tribo Skate e comentou suas opiniões sobre o assunto, além de falar sobre as novidades.



Rony Gomes conduziu a Tocha na ladeira do Parque da Independência. (Sidney Arakaki)


Quando você surgiu no cenário, a galera te chamava de Bobinho. Te incomodava muito isso?
Não é que me incomodava. Quando eu comecei, o Bob era meu ídolo, o cara que eu sempre assisti na televisão. E eu, por usar óculos, começaram a chamar de Bobinho. Não me incomodava, mas eu via a situação de estar andando de skate, estar evoluindo e depois mais pra frente, fazer as coisas com ele e ser o Bob e o Bobinho. Não ia ser legal no futuro. No começo foi uma parada que foi legal, mais pra frente quando eu fui crescendo foi me incomodando um pouco e foi legal que eu consegui fazer meu nome. A galera me conhecer por quem eu sou, não pelo Bob. Isso que foi legal, eu consegui tirar esse nome e mostrar pra galera que é o Rony, não é o Bobinho. Eu tenho minha personalidade, no começo eu era conhecido por usar um óculos mas hoje sou conhecido por ser um cara totalmente diferente do Bob.

Você também é bastante técnico, mas o estilo é totalmente diferente.
Exatamente. Eu gostava do Bob pela novidade que ele sempre trazia em partes de vídeo, em campeonatos, me espelho nele até hoje, pra falar a verdade. É um puta cara no meio do skate! Criou várias manobras, você está com ele na sessão e está sempre tentando evoluir uma coisa diferente. E eu me espelho nele nesse negócio de ser técnico. Mas hoje eu sou bem diferente dele em questão de manobras. Tem umas manobras que eu gosto, que mando diferente dele.

Hoje em dia você está mais focado no Vertical, Bowl ou Mega?
Mega é um negócio que eu gosto muito, só que, realmente não foco 100% na megarrampa por não ter uma no Brasil. E eu sou um cara que gosto muito daqui. Passo umas temporadas na Califórnia pra andar de megarrampa, mas acabo não focando 100% porque não tem uma aqui pra andar. E o Vertical é uma modalidade que eu gosto muito, me sinto muito confortável quando tô andando. Gosto muito de aéreos. Na primeira vez que eu vi um halfpipe eu pirei nessa sensação de um cara sair da rampa e voltar. É uma sensação que eu gosto muito. E o Bowl, tem tomado bastante meu tempo agora por ter várias coisas pra andar. Poder andar no raso, e juntar numa borda, e ao mesmo tempo, também poder dar um aéreo. Se fosse num lugar onde eu não pudesse mandar um aéreo, talvez eu não estivesse tão focado também. Eu gosto muito dessa ideia de poder dar um flip, segurar no skate, dar uma borda e sentir o coping block, que é uma sensação muito boa, muito legal de estar andando. Então tem tomado bastante meu tempo, focando em bowl e halfpipe.


Nesse ano você fez um campeonato na sua rampa, o Vert Battle. O nível você acha que foi compatível com lá fora? Eu olhando, achei que foi mais legal que os X Games desse ano.

Rony na sua rampa particular cheia de obstáculos, em Atibaia. (Felipe Puerta)


A cena do Bowl tá bem movimentada. Ao mesmo tempo, o halfpipe eu sinto que tá meio estagnado. São poucos caras que tão mantendo evolução e também estão rolando poucos eventos. E também não tem partes de vídeos.

Está estagnado pelos eventos que estão rolando. Na verdade, esse half “quadrado” já meio que passou a época dele. Então, se não evoluir nas rampas… Tanto que eu fiz pra evoluir. Eu fiz uma rampa diferente, fiz um transfer diferente. E é um lugar que eu gosto muito de andar e evoluir as manobras. Então, realmente, deu uma estagnada. Mas eu sempre vou andar no half, vou sempre fazer o possível pra evoluir. Porque eu vejo potencial, não é igual a galera fala que é só pra frente e pra trás. Não é! Tem muitos outros jeitos de evoluir num half. Mandando manobras sem pegar, de flip, usando os obstáculos que têm nas rampas. Nos EUA tem muitas rampas com obstáculos, que são perigosos, que dão pra fazer milhões de coisas diferentes. A gente tenta evoluir desse jeito. Eu nunca vou deixar de andar no half, por mais que o bowl esteja evoluindo, o street. Eu sou um cara que vou sempre brigar por ver essa possibilidade de evolução.

Exatamente. Eu, por ser um cara que vivencia o vert todos os dias, eu sei qual que é o formato que é legal pra isso. Um formato que pode evoluir o vertical daqui pra frente, que é o formato jam session, você fazer a sessão. O vertical, querendo ou não, é uma modalidade que impressiona. Pra galera que não vê todos os dias… Pô, um 540 gigante, vê o flip, os aéreos altos. É um negócio que impressiona e é bem legal. Então, o formato que eu fiz na minha casa, deu pra vivenciar bem o que é uma sessão de vertical, da galera voando de um lado pro outro, mandando bordas, não aquele formato de linha, que o cara tem que fazer três 540 e três flips. Não, ali o cara pode mandar uma borda legal, pode juntar com um aéreo, mandar um flip e mandar um 540. Então, é diferente, e é isso que eu vou focar daqui pra frente fazer mais eventos para evoluir o vertical.

Você está filmando uma parte agora.
Na verdade, eu tô sempre filmando. Depois que eu comecei a filmar nas sessões, eu vejo que é um negócio que ajuda bastante evoluir o skate. Você vê onde tá errando, tenta coisas que nunca foram vistas, tenta evoluir seu próprio skate. Então agora tô focado nessa parte. Tá pra sair o pro-model e algumas coisas aí pela frente. Onde eu tô, o Felipe Puerta (videomaker pessoal) está junto. Isso tem feito meu skate evoluir.

É uma parte com todos terrenos.
Exatamente. Em todos lugares que vou, estou filmando. E aí você sempre tenta tirar o melhor disso tudo que tenho filmado para usar na parte.

Você foi um dos convidados para carregar a Tocha em São Paulo. Como surgiu o convite?
O convite da Tocha surgiu da prefeitura de São Paulo, pelo fato de eu ser um skatista profissional e ter nascido e até hoje estar morando e vivenciando o skate aqui no Brasil. Foi por isso que eu recebi o convite. E eu aceitei por esse mesmo motivo: eu sou um cara que, querendo ou não, viajo bastante mas jamais quero deixar meu país. Então, carregar a Tocha com o skate no pé, eu consegui ver onde o skate pode chegar lá na frente. Onde o skate iria aparecer, o potencial que isso vai dar pro esporte. Não só pensando no skate estar nas Olimpíadas ou não, e sim, mostrar o skate pra quem nunca viu, pra quem acha que o skate é um esporte marginalizado, que não tem futuro. E por isso que eu aceitei esse convite.


Foram vários skatistas que carregaram pelo Brasil todo.
Eu escutei falar que o Sandro Testinha ia carregar a Tocha no seu trecho.
Eu sei que ele carregou também. Não sei onde foi. Eu achei muito legal esse lugar onde eu andei, porque foi um lugar onde frequentei quando criança, que era perto de casa, eu nasci na Mooca e o Museu do Ipiranga era um lugar que eu ia andar. O Sandro Testinha é outro cara que usa o skate da melhor forma possível, ajuda crianças carentes, mostra pra elas que tem o futuro em cima do esporte. Então achei bem legal ele fazer parte disso.

Eu vi que a Karen (Jonz) também carregou. O (Felipe) Foguinho. E achei legal por esse motivo. O skate estar entrando num evento como esse, mostra a força que tem o skate hoje em dia. Mostra que é um esporte legal, que dá pra viver dele. Mostra a força que o skate tem.

Rony conduziu a chama olímpica em São Paulo. (Felipe Puerta)


Qual a sua expectativa da estrutura do skate no Brasil agora sendo reconhecido como esporte olímpico?
Os skatistas nunca foram a favor de Olimpíadas, pelo fato de ter o uniformezinho, de ter todo jeito de julgamento delas, que precisa ser muito certo. O skate é um esporte muito subjetivo. É todo um negócio que não encaixa muito no skate. Mas eu acho que, se vier pra ajudar, a gente tem que ver da melhor forma possível. Construir pistas, fazer o Governo investir do jeito certo. Esse vai ser o ganho do skate nas Olimpíadas. Pistas novas, a galera podendo viver do esporte, coisa que no Brasil é difícil. Então, se a gente puder usar as Olimpíadas a favor do skate, vai ser demais. Imagina a gente ter uma pista de skate nova em cada bairro. Olimpíadas são de quatro em quatro anos, o que a gente não vai poder usufruir do skate nesses quatro anos com as pistas que vão ter? Então a gente vai tentar usar isso da melhor forma possível.

Tem uma polêmica bem grande dentro do skate, que muita gente fala que skate não é esporte. Qual é o seu ponto de vista?
Cara, eu acho que skate é tudo! Eu vivencio o skate todos os dias, por mais que eu esteja andando ou não. Eu tô vendo vídeos de skate, pego meu skate, ando na rua e vou na casa de um amigo. Eu acho que o skate é um esporte. Você está se exercitando, é saúde, você está fazendo algo pra sua vida. Claro que tem muitos outros esportes que são só competição, que o skate não se enquadra. O skate não é só isso. Tanto que, a gente além de competir, faz partes de vídeo, estamos nos skateparks andando, movimentando, ajudando a criançada que não tem condições de fazer esportes. Skatistas têm muito disso, de ajudar os outros, coisas que nos outros esportes você não vê isso, um ajudando o outro. Skatistas não precisam ter professor. Um cara vai numa pista e vê outro andando bem, o outro vai ser gente fina e ajudar a evoluir também.

Sem ganhar nada em troca.
Sem ganhar nada em troca. Coisa que num outro esporte você não ia nunca ver. Então, eu acho que o skate, além de ser um estilo de vida, ele é um esporte também.

CREDITO : TRIBOSKATE

ADM Higgor.S 

Comentários

Anterior Proxima Página inicial
Astucia Skateboard © Copyright 2015 Editado Por Higgor.S [ Zezinho ] ADM. Tecnologia Do Blogger.